10 de outubro de 2010

A NOVA LÍNGUA PORTUGUESA



recebi esta merda nesta coisa do e-mail, e à falta de melhor merda para pastar... fica os pensamentos em baixo

Desde que os americanos se lembraram de começar a chamar aos pretos "afro-americanos", com vista a acabar com as raças por via gramatical, isto tem sido um fartote pegado!

As criadas dos anos 70 passaram a "empregadas domésticas" e preparam-se agora para receber a menção de "auxiliares de apoio doméstico".

De igual modo, extinguiram-se nas escolas os "contínuos" que passaram todos a "auxiliares da acção educativa".

Os vendedores de medicamentos, com alguma prosápia, tratam-se por "delegados de informação médica".

E pelo mesmo processo transmudaram-se os caixeiros-viajantes em "técnicos de vendas".

O aborto eufemizou-se em "interrupção voluntária da gravidez";

Os gangs étnicos são "grupos de jovens".

Os operários fizeram-se de repente "colaboradores";

As fábricas, essas, vistas de dentro são "unidades produtivas" e vistas da estranja são "centros de decisão nacionais".

O analfabetismo desapareceu da crosta portuguesa, cedendo o passo à "iliteracia galopante".

Desapareceram dos comboios as 1.ª e 2.ª classes, para não ferir a susceptibilidade social das massas hierarquizadas, mas por imperscrutáveis necessidades de tesouraria continuam a cobrar-se preços distintos nas classes "Conforto" e "Turística".

A Ágata, rainha do pimba, cantava chorosa: "Sou mãe solteira..." ; agora, se quiser acompanhar os novos tempos, deve alterar a letra da pungente melodia: "Tenho uma família monoparental..." - eis o novo verso da cançoneta, se quiser fazer jus à modernidade impante.

Aquietadas pela televisão, já se não vêem por aí aos pinotes crianças irrequietas e "terroristas"; diz-se modernamente que têm um "comportamento disfuncional hiperactivo"

Do mesmo modo, e para felicidade dos encarregados de educação , os brilhantes programas escolares extinguiram os alunos cábulas; tais estudantes serão, quando muito, "crianças de desenvolvimento instável".

Ainda há cegos, infelizmente. Mas como a palavra fosse considerada desagradável e até aviltante, quem não vê é considerado "invisual" (O termo é gramaticalmente impróprio, como impróprio seria chamar inauditivos aos surdos - mas o politicamente correcto marimba-se para as regras gramaticais...).

As putas passaram a ser "senhoras de alterne".

Para compor o ramalhete e se darem ares, as gentes cultas da praça desbocam-se em "implementações", "posturas pró-activas", "políticas fracturantes" e outros barbarismos da linguagem.

E assim linguajamos o Português, vagueando perdidos entre a "correcção política" e o novo-riquismo linguístico.

Estamos lixados com este "novo português"; não admira que o pessoal tenha cada vez mais esgotamentos e stress. Já não se diz o que se pensa, tem de se pensar o que se diz de forma "politicamente correcta".

E falta ainda esclarecer que os tradicionais "anões" estão em vias de passar a "cidadãos verticalmente desfavorecidos"...

Os idiotas e imbecis passam a designar-se por "indivíduos com atitude não vinculativa"

Os pretos passaram a ser "pessoas de cor".

O mongolismo passou a designar-se "síndroma do cromossoma 21".

Os gordos e os magros passaram a ser pessoas com "disfunção alimentar".

Os mentirosos passam a ser "pessoas com muita imaginação"

Os que fazem desfalques nas empresas e são descobertos são "pessoas com grande visão empresarial mas que estão rodeados de invejosos"

Para autarcas e políticos, afirmar que "eu tenho impunidade judicial", foi substituído por "estar de consciência tranquila"

O conceito de corrupção organizada foi substituído pela palavra "sistema".

Difícil, dramático, desastroso, congestionado, problemático, etc.,  passou a ser sinónimo de "complicado".

2 comentários:

Petit Joe disse...

E com isso tudo continuo sem perceber porque é que os betinhos chamam ténis às sapatilhas.

Mal Educado disse...

provavelmente por serem betos... também não sei...